terça-feira, 14 de agosto de 2012

Força do destino

Nasci com dom de poeta
Deus me deu a vocação
Faço verso de improviso
Sem a menor preocupação
Portanto não sou perfeito
Se eu errar, peço perdão

A estória que vou contar
É obra de ficção
Tirado da minha mente
Por pura imaginação
Se houver caso idêntico
Eu não tenho culpa ,não

Uma moça do interior
Pensava no luxo e riqueza
Casar –se com um príncipe
E levar vida de princesa
Pra dar o golpe do baú
Pra ela seria moleza

Como era muito linda
Sabia da sua capacidade
Para conquistar um rico
Era uma facilidade
Os boyzinhos da cidade
Conheciam essa verdade

Eles sabendo das intenções
Da mocinha interesseira
Ficavam com ela apenas
Por aventura passageira
Davam-lhe alguns amassos
E escapavam da ratoeira

Até que um dia apareceu
Na cidade um forasteiro
Contando a maior vantagem
Que era filho de fazendeiro
Dirigindo uma linda carreta
Um exímio carreteiro

Na hora ela pensou:
Agora chegou meu destino
Esse moço apareceu
Pela obra do divino
Agora mesmo eu vou
Conquistar esse menino

Assim que ele a viu
Começaram a namorar
Logo ficaram noivos
E marcaram para se casar
Ela fingia estar apaixonada
E ele fingia acreditar

E o tal dia esperado
Tão depressa aconteceu
Ela toda enfeitada
Esperando o seu Romeu
Os convidados esperando
E o cara não apareceu

Esperaram mais de uma hora
E nada dele aparecer
Os padrinhos e os convidados
Não conseguiam entender
Ela desesperada
Não conseguiu se conter

Envergonhada pediu
Desculpas aos convidados
Seu pai homem valente
Ficou tão mau humorado
Pode ser que algum acidente
Com o moço havia se dado

Todos saíram da igreja
Com pena da pobre coitada
E o tempo se passou
Ninguém mais falava nada
Nenhuma pista do carreteiro
Evaporou-se na estrada

E barriginha da moça
Começou logo crescer
Ela fazia de tudo
Para tentar esconder
Se o seu pai descobrisse
Ela sabia o que ia acontecer

Seu pai homem rude
Nascido no sertão
Naquele tempo do onça
Um povo sem instrução
Mãe solteira para eles
Era obra do cramunhão

Assim que ele descobriu
Sem menor piedade
Expulsou a filha de casa
Meu Deus, quanta maldade
A coitatinha ficou
Perambulando na cidade

Ela batia de porta em porta
Pedindo pra trabalhar
Mas aquele povo rebelde
Recusavam a ajudar
Davam-lhe um prato de bóia
E mandavam a andar

A pobre da moça
Muita fome e frio passou
Ela comeu o pão
Que o próprio diabo amassou
Até que um dia na estrada
A dor do parto chegou

Ela conseguiu ter o bebê
Sem ajuda de parteira
O cordão umbilical
Ela cortou feito enfermeria
Guiado pela mãos do mestre
E da santa padroeira

Ela deu a luz um varão
E num pano o enrolou
Deixou- o no meio da estrada
A única forma que encontrou
Rezando para que alguém
Cuidasse do que ela gerou

Porque ela sozinha
Não tinha menor condição
De cuidar daquele neném
E chorava pedindo perdão
Para que alguém o encontrasse
Encontraria a solução

E saiu chorando e implorando
A Deus, nosso Senhor
Que passasse por alí
Um espírito salvador
E levasse o menino
E o cuidasse com amor

Como Deus é poderoso
A sua prece escutou
Lá vem um carreteiro
Ao ver o vulto, parou
Desceu da sua carreta
E o menino pegou

Cobriu com um cobertor
E para o hospital se mandou
Voando com sua carreta
Nem farol respeitou
O médico competente
Daquele anjo cuidou

O carreteiro era solteiro
Deu para sua mãe cuidar
Ela cuidava do menino
Como uma avó exemplar
E o carreteiro pelo Brasil
Continuava a viajar

E mãe do menino
Vivia a perambular
Chegou a perder o juízo
De tanto imaginar
Alguém caridoso colocou
Numa clínica para se tratar

E o menino foi crescendo
Muito esperto e inteligente
Era orgulho da família
Educado e obediente
Logo estava mocinho
O tempo passou rapidamente

Seu pai muito econômico
Conseguiu juntar dinheiro
Vendeu a sua carreta
E comprou gado leiteiro
E também uma fazendinha
No triângulo mineiro

O seu pai adotivo queria
Que ele fosse formado
Fizesse faculdade
De engenheiro ou advogado
Mas o moço insistia
Ser carreteiro viajado

Seu pai não quis contrariá-lo
Uma carreta lhe comprou
E toda a sua experiência
Para o moço ele ensinou
E também toda verdade
Para o moço ele contou

Meu filho chegou a hora
De você saber a verdade
Até hoje não tive a coragem
Temendo uma barbaridade
De você não entender
E eu perder sua amizade

Eu não sou seu pai verdadeiro
Sou seu pai adotivo
Mentia que sua mãe
Havia falecido
Agora que já é moço
Tudo fica esclarecido

Eu o encontrei numa estrada
Jogado no meio do caminho
Levei para o hospital
E cuidei de você direitinho
Cada dia que passava
Aumentava o meu carinho

Por favor, não culpe sua mãe
Talvez ela fosse forçada
Não tendo condições de cuidá-lo
Deixou-o no meio da estrrada
Somente em pensar nisso
Me dá pena da coitada

Ele ouvindo esse relato
Lágrimas dos olhos derramou
E o seu pai fortemente
Ele o abraçou e o beijou
E disse: você é um herói
Meu amor por ti aumentou

E o moço com a sua carreta
Começou a viajar
Tudo o que seu pai lhe falou
Ele não parava de pensar
Alguma coisa lhe dizia
Que um dia ia encontrar

Sua mãe biológica
Para poder lhe abraçar
E porque lhe abandonou
Ela tinha que explicar
Conforme fosse o motivo
Ele saberia perdoar

E de repente uma mulher
Bem no meio da estrada
Fez sinal para parar
Ele viu que era coitada
Estava toda maltrapilha
Com roupa suja e rasgada

E lhe pediu uma carona
Ele mandou ela subir
E no caminho conversando
Ela jurou não mentir
Enquanto ela contava
Ele atento começou a ouvir

Moço, eu namorei
Um moço lindo carreteiro
No começo eu pequei
Pensava só em dinheiro
Ele me deixou no altar
Eu caí no desespero

Aí eu vi o quanto eu o amava
O dinheiro não tinha mais valor
Por ser interesseira
Fui castigada pelo nosso Senhor
Meu pai me expulsou de casa
E eu perdi um grande amor

Meu pai homem rude
Criado na lei do sertão
Mãe solteira para ele
Era obra do cão
Me enxotou da casa
Sem a menor compaixão

Minha mãe não concordou
Mas não pode fazer nada
Se ela me apoiasse
Também seria tocada
Conhecendo bem meu pai
Resolveu ficar calada

O moço atentamente
Ouvindo aquele relato
Freou a sua carreta
Ficando estupefato
Percebeu que o destino
Não foi assim tão ingrato

Abraçou aquela mulher
E chorando exclamou:
Só pode ser minha mãe
Pelo que meu pai contou
Quero que você conheça
O herói que me criou

E voltaram para a fazenda
Ao ver aquele senhor
Ela o reconheceu
Estava alí o seu amor
Tornaram a se encontrar
Por obra do criador

Quando o homem viu a mulher
De susto, desmaiou
Ao recobrar o sentido
Depois que muito chorou
Explicou por qual motivo
No altar ele a deixou

Eu te amava loucamente
Pretendia contigo me casar
Fui um fraco incoerente
Tolo em acreditar
Que era só por interesse
Vieram me contar

Depois eu me arrependi
Mas aí já era tarde
Preferi me ocultar
Com um homem covarde
Portanto fiquei sozinho
Até hoje meu peito arde

Se abraçaram e se beijaram
Como dois adolescentes
O jovem vendo aquilo
Se explodia de contente
E marcaram na igreja
O casamento novamente

Desta vez ele não fugiu
Ela também aprendeu
Que amor é mais importante
O maior dom que Deus nos deu
E ele sem saber de nada
Criou o próprio filho seu

O destino foi caprichoso
Após tanto sofrimento
Teve um final feliz
Fizeram um belo casamento
E ela engravidou novamente
Breve virá outro rebento

P-eço perdão ao leitor
I-rritado ficou com o meu conto
N -ão sou nenhum profissional
T-em me dar um desconto
A -migo sou um matuto
E-u me sinto as vezes um tonto
T-ento agradar a todos
A-í é que levo tombo!
















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