sábado, 21 de março de 2015

Fato verídico

 Fato verídico
             José Cardoso de Morais, moço inteligente, extremamente honesto e batalhador, ficou monoplégico em virtude de contrair poliomelite aos dois anos de idade; naquela época ainda não havia vacina para tal doença. Embora aposentado por invalidez, não gosta de ficar parado; motivo este que o levar a trabalhar de balconista num bar.
             Ele era de absoluta confiança do patrão. Certo dia, um oficial de justiça lhe entrega um documento lagrado, endereçado ao seu patrão, e, pede para o jovem assinar um recibo confirmando que havia recebido tal documento. José, como qualquer cidadão de boa fé, assinou sem saber o que estava assinando.  É comum assinarmos  um papel quando um carteiro dos correios vem e solicita para a gente  assinar como prova de entrega.
            Passado alguns anos, o proprietário resolveu acabar com o bar em virtude de vender muito fiado; estava à beira da falência. O moço que não gostava de ficar atoa, arranjou um jeito de se virar vendendo salgadinho, pois em outro serviço mais pesado, que exige mais locomoção, ele não teria condições. Apesar de ele ter uma perna encolhida, aprendeu a andar de bicicleta, dando meia pedalada apenas.
                     Lá estava José vendendo o seu produto em frente à delegacia, quando o delegado assim que o avistou, pergunta-lhe: “ por acaso você é José Cardoso de Morais que trabalhou no bar do Sr. Mário alves? O rapaz respondeu que sim  pensando até em alguma coisa boa que o delegado pudesse lhe oferecer. Qual foi a sua surpresa, quando Dr. lhe falou, “ você está preso “!  José ficou perplexo, porém sabendo que pobre é tratado com grosseria pelas autoridades, sem ter o direito de perguntar, obedeceu sem dizer uma palavra, como um animal ao matadouro. O delegado lhe falou: “ você tem o direito de telefonar para quem quiser.    O jovem imediatamente telefonou para o seu irmão mais velho, que, ao saber da notícia veio correndo. Quando o delegado viu aquele moço bem vestido de carrão moderno, já o tratou com a máxima cortesia. Porque é assim que as autoridades tratam uma pessoa, quando eles veem que são alguém na vida. Este seu irmão é uma pessoa importante. Exercia cargo de chefe geral na firma onde trabalhava.
O Dr. lhe contou que José assinou um documento sendo responsável pela dívida de seu ex-patrão; dívida esta que, nada mais era do que, imposto ao governo federal. Na mesma hora seu irmão deu um jeito de arranjar a grana que teria que ser pago em uma só parcela com um juro muito alto! Acima de R$ 3.000,00.
           Isto ocorreu numa seta-feira a tarde, quase no fim de expediente. Quando seu mano chegou à delegacia com o dinheiro,  o delegado não estava mais lá. O plantonista explicou que nada poderia fazer;  que o problema só poderia ser resolvido na segunda–feira que por azar do Zé, era feriado. Para encurtar a história, o infeliz ficou preso até terça –feira.
           Saiu com intenção de matar o seu ex-patrão. Mas depois que esfriou a cabeça, viu que não valeria a pena cometar tal burrice. Afinal, o seu ex-patrão também não tinha culpa.
           Ele contou-me que estava desabafando com o carcereiro sobre a sua falta de sorte, um detetive sem saber do que se tratava, grita: “ O que está acontecendo? Se for preciso me chama que estou pronto para dar um corretivo nesse aleijado!” Além de ser preso inocente, ainda passou por essa humilhação na cadeia!
Isto é nosso Brasil. Já vi ladrão e criminoso não ir preso. Mas, se dever para o governo, não tem perdão!
           Este fato aconteceu há muitos anos atrás, na cidade de Guararema, com o meu irmão que hoje é radialista, locutor famoso na cidade.
pintaeta
Enviado por pintaeta em 21/03/2015
Reeditado em 21/03/2015
Código do texto: T5178309
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