quarta-feira, 14 de março de 2012

Paixão de um jovem

           Após muitas paixõezinhas de adolescente, conheci uma que arrebentou com minha vida! Eu a conheci num baile na casa de um amigo.

Tirei-a para dançar  e, percebi pelo os olhares dela que, a mesma  estava afim de algo mais íntimo.Quando eu dei uma apertadinha; ela afastou o corpo. E bem baixinho me explicou: "Minha mãe é uma mulher do tempo dos antigos. Se você continuar a me apertar, ela não deixa mais eu dançar contigo". Marcamos encontro para o dia seguinte. Eu estava passeando com primo na praça, já havia  esquecido da noite no baile quando, o meu primo me falou: "Passou uma garota olhando pra você. Não prestou atenção?"
           Fui ao encontro da gata que o meu primo apontou e, ela me disse: " Você deve ser um tremendo namorador. Marcamos encontro ontem e você já não se lembra de mim." Pedi desculpas e começamos a namorar. Naquele tempo não usava a palavra ficar. Falava-se em paquerar.
           Ela me explicou que o pai dela era separado e ela era filha única. Como o juiz determinou uma lei severa para sua mãe, ela tinha andar muito na linha. Não podia namorar sozinha na rua. Ficamos um pouco sentado na praça e logo ela foi embora.


             Para encurtar a história, não vou me estender muito. A coitada morava em um cômodo só. Não tinha luz elétrica. Uma pobreza que dava dó! O nosso namoro era assim: Eu ficava sentado de frente para ela e sua mãe ficava deitada ou sentada na cama. Ela escrevia e eu respondia num caderno quando queríamos dizer alguma coisa que sua mãe não pudesse saber; porque a velha era analfabeta.

Algo que durou pouco porque a velha proibiu. Na despedida, a coroa nos acompanhava até o portão. Eu não tinha o gosto nem de dar um beijo. Para o leitor obter uma ideia; para poder eu andar pegando na mão dela , tive que ficar noivo. E só saia quando a mãe saia junto. Mui raramente nós nos encontrávamos numa rua deserta e, rolava uns beijinhos e uns amassos. Ela mentia para a mãe que eu não estava na cidade e saia com uma colega de confiança bem mais velha que ela. A sua colega ficava com namorado dela numa rua escura e nós ficávamos um pouco distante deles.


                Um dia a velha desconfiou e, nos surpreendeu agarrados. Foi um escândalo daqueles! A velha ameaçou de contar para o pai dela e me denunciar para o juiz como sedutor de menores. Um detalhe: Ela tinha apenas 15 anos e eu 19.
               Passado esse episódio, continuamos a namorar do jeito que a sua  mãe queria. Fazer o quê, não tinha outro jeito!        



               Com apenas 15 anos ela era muito robusta. parecia que tinha bem mais. Quantas vezes fui dormi sonhei com ela!
               Nós, já noivos e, eu não tinha o gosto de dar nem um beijo. Acredite se quiser!
               Eu morria de ciúme dela. Não podia vê-la conversando com ninguém que era motivo para briga.
Quando eu terminava o noivado de araque, só para fazer charminho, ela começava a me mandar bilhete jurando que me amava! E eu trouxa, acreditava. Muitos comentários surgiram pelos os mais línguas soltas, mas eu apaixonado, não queria acreditar. É certo aquele ditado: O pior cego é aquele que não ver!
Uns diziam que o próprio pai a desvirginou; por esse motivo a sua mãe lhe tocou de casa! outros diziam que viram ela sair do mato com um rapaz!


 
outros diziam que ela sentava no colo do patrão lendo revista pornográfica! O comentário era tanto que eu ficava quase louco!


Certo dia veio residir perto da casa dela, um senhor proprietário de lojas. Dono de cinco lojas. Era um libanês, com a aparência de 60anos aproximadamente.


A sua esposa era paralítica.

A minha noiva foi convidada à trabalhar de balconista na loja durante o dia e a noite tinha que ficar cuidando da patroa. Durante o dia sua mãe era quem cuidava da senhora paralítica.

Aconteceu tudo tão rápido. Assim que ela começou a trabalhar, as coisas mudaram da água para o vinho. O patrão mandou colocar luz elétrica; mandou aumentar e reformar a casa dela... Ela começou a usar roupas novas e caras; jóias, relógios caríssimos. Eu não tive dúvida. "O patrão estava comendo aquele carnão que eu tanto queria! Se de dia ela trabalhava na loja e a noite trabalhava na casa da patroa; eu que quase não podia ficar a vontade com ela, agora a vaca foi pro brejo de uma vez, pensei eu! O único jeito que tem, é dar um fim nisso.

 
Fiquei sabendo que ela foi com o patrão em Santos e tirou foto de biquini.

 Quase morri de ciúme! briguei, quebrei o pau pra valer. Comprei uma bereta semi-automática, naquele tempo era fácil comprar arma.


         Comecei a desconfiar que ela estava de caso como patrão. Desconfiar, não .Eu tinha quase certeza!  Não comia, não dormia direito; era um sofrimento muito forte! Emagreci 12 quilos, e com aquela ideia fixa na cabeça: Eu mato-a e também me mato. Coisa de idiota! Lembrei que Deus existe e dobrei os joelhos no chão, e, começar a rezar, para que Deus me tirasse a ideia de matá-la.
         Fui até a loja e pedi a aliança. Ela já nem estava usando mais e, ainda disse:


"Eu sabia que você viria terminar; se você não o fizesse, quem ia terminar era eu!" Já que você não confia em mim, é melhor que acabemos com isso mesmo. Peguei a aliança com muita fúria. Eu me sentia o mais humilhado de todos os homens!    

             Eu sabendo que não ia aguentar vendo-a de braços com outro, fui para a capital ficar uns dias na casa do meu tio. Perto da casa onde o me tio morava, estava um circo. Pedi emprego e fui contratado na hora. Acompanhei -o e comecei como ajudante geral. Ajudava a montar e desmontar; vendia pirulito, doces,
 pipocas... às vezes ficava na portaria recebendo os bilhetes.
 
          Um dia os homens percebendo o meu jeito de palhaço, fizeram um teste e, eu fui aprovado. O meu primeiro espetáculo foi na cidade de Paranapiacaba numa matinê. A garotada gostaram e os adultos também.
          E assim trabalhei de palhaço alguns meses e, estava ficando famoso. Todos me aplaudiam com fervor.
O meu nome artístico era: Micuim. O circo era muito famoso: HERMANOS STANKOWHICH.
         Tudo corria bem. Eu arrumava uma gatinha em cada cidade que ia. Aos poucos fui tirando aquele maldito amor falido.


Até que um dia surgiu um caso inusitado. O Cid Moreira anunciou no jornal nacional que , Wilson José de Morais da cidade de Saquarema, foi morto com 33 tiros pelo esquadrão da morte. Era um moço muito bom, de boa índole, mas por paixão desenfreada, havia se transformado num bandido


          Como minha mãe não tinha televisão, é óbvio que não ouviu a notícia. Os oportunistas maldosos começaram a espalhar  que era eu! Eu não queria ir visitar o meu povo de vergonha. Embora a saudade me apertasse. Fiquei muito tempo sem ver minha mãe e meus irmãos.
         Certo dia, eu estava de folga e fui passear na casa do meu tio e, o mesmo me falou que minha mãe estava desesperada com a notícia. Assim que acabei de ouvir o relato, peguei a primeira condução e fui para o encontro da minha amada mãezinha! Ela chorando me pediu que eu não me afastasse mais dela.

Abandonei aquela profissão que eu tanto gostava e voltei à trabalhar no pesado novamente. Capina e plantação de eucalípto na fazenda Merendá  das indústrias Papel Simão.

 
Logo ingressei-me na fábrica. O salário era bom e o serviço também. Lá tinha um jornalzinho que circulava uma vez por mês. Eu como tenho mania de escrever; escrevia sempre um conto, uma poesia...

cheguei a ser o primeiro colocado no ano com o texto: O choro de um funcionário de1 a 13. O texto era assim: 1 funcionário, com 2 braços fortes, enfrenta 3 turnos, obedece ordens de 4 superiores, sempre pontual, jamais chegou 5 minutos atrasado sequer, com 6 filhos para sustentar, batalha 7 dia na semana, 8 h sem cessar. Dia 9 está desesperado para o dia seguinte. Dia 10 recebe a micharia. Dia 11 paga as contas. Dia 12 está duro novamente. Porém não perde a esperança de fazer os 13 pontos na loteria esportiva. Loteria esportiva era a febre daquela época. Seria como hoje a mega sena. Todos sonhavam em ficar milionário.
            Com isso, eu ganhei um certo cartaz e, me deram um cargo melhor. Passei a ser operador de
 máquina. O salário melhorou bastante!
            Depois que levei um chifre da noiva; eu me transformei num tremendo garanhão!
Andava muito bem vestido e conversava bem.  E tinha mesmo muita sorte. Era difícil a garota que eu metia a cara e não conseguia ganhar, inclusive com algumas casadas.

Um detalhe: eu tinha uma amiga que hoje é minha cunhada, quando eu era noivo, brigava, eu ia me desabafar com ela. Ela sempre me dizia: "deixa de ser bobo. Você vai conhecer a minha irmã e ainda vai se casar com ela e ser muito feliz!" Coincidência do destino. Ela parece profetizou aquelas palavras.
           Eu vinha do serviço pedalando de bicicleta,

quando essa que é hoje minha cunhada, me pára e diz: "Wilson, minha irmã veio de Minas e ela está precisando de trabalho. Eu ouvi dizer que você tem um cartaz danado lá na firma. Será que você não conseguiria um emprego para ela?" E me apresentou a boneca. Quando eu a vi, meu corpo tremeu inteirinho. Senão existe amor a primeira vista, exste a pessoa certa e o momento certo. Aquela morena de olhos castanhos, corpo muito bem feito, pernas torneadas, tudo no lugar!


Eu cheio de galanteio, disse:" Quero ser um cachorro se eu não arrumar serviço para essa princesa!"


Ela parece que não gostou. Olhou séria com a cara feia e eu fiquei sem graça.
          Comentei com minha prima sobre o ocorrido e ela me disse que ela estava de namoro com um amigo meu. Perdi a esperança, mas mesmo assim falei com o chefe. O mesmo mandou chamá-la para uma entrevista. O pai dela não deixou. Era um senhor rígido do sertão.


 Deixava-a trabalhar em casa de família,mas em fábrica, alegando que la ia trabalhar no meio dos homens. Algo que ele não sabia que na capital ou nas grandes cidades, os homens tem temor de empregada doméstica porque a maioria delas são assediadas pelo patrão ou pelo filho do mesmo.


Pedi desculpa ao chefe. O mesmo compreendeu. Passado uns dias, lá estava eu passeando na praça quando encontro com minha prima e, ela me diz:
 "Sabe,Wilson, aquela que você achou linda está disponível!
Ela me falou que quando viu você, não conseguiu tirá-lo da cabeça e resolveu terminar tudo para não enganar o rapaz. E ela está aí na praça. Desceu com as colegas na rua da estação." Na mesma hora descemos para a tal rua e lá vinha ela com 3 colegas. A prima foi me apresentar, ela se adiantou dizendo que já me conhecia.
            Todos se afastaram e nós fomos subindo a rua, de frente uma padaria,

sua mãe estava na porta e, me cumprimentou sorrindo me chamando pelo nome. E ainda me desejou boa sorte. Sentamos na praça e ela me falou que já começou a gostar de mim logo que me conheceu. Só que tem um detalhe, me falou " O meu pai é muito severo e não me deixa namorar na rua. Temos que namorar somente em casa". Eu pensei logo com os meus botões: "Eu já assisti esse filme. Será que vou cair no conto do vigário de novo?" Expliquei toda a situação do meu passado com a ex noiva e ela me ouviu atentamente. E me explicou o pai dela ia dormir cedo e que a mãe dela era bastante compreensiva. Foi legal desde o começo. Nós ficávamos a vontade na varanda e ninguém não nos incomodava.


Ela não tinha a frescura da outra. Nunca pude observar uma falha nela sequer. Eu já era bem experiente e sabia que ali tinha café no bule! Quanto mais eu namorava, mais eu gostava dela sem desconfiança. Com todos com quem meu conversava; vinham me dar os parabéns e, elogiavam-a dizendo que ela era sem dúvida, digna de merecer o meu amor! Os verdadeiros amigos ficavam contentes em me feliz porque sabiam que no passado eu fui muito sofredor.
          O pai dela ia mudar-se novo para Minas e fez com que eu apressasse o casamento. Foi uma cerimônia muito simples. Não teve festa e nem fotógrafo.


Faz 39 anos que convivemos juntos. Brigamos às vezes, mas tudo volta ao normal. E a malvada continua linda apesar dos 60 anos. Eu posso bater no peito e dizer: Sou pobre, mas, sou feliz! Tenho uma esposa sincera, 3 filhos e 3 netos lindos. São os meus maiores orgulhos. Meus filhos todos bem empregados e formados, sem vícios. Eu hoje sou aposentado por invalidez e, como não posso trabalhar, me divirto postando na internet, os meus acrósticos, minhas poesias, meus casos e causos, minhas paródias, letras de músicas, textos, crônicas...
       E assim termino uma das minhas verdadeiras histórias. É claro, com uma doze de pimenta para incrementar!






 

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