sexta-feira, 27 de março de 2015

Mais uma do pintaeta

Mais uma do pintaeta

Boa noite meus Srs. Boa noite, minhas Sras.
Sou boiadeiro do campo, forasteiro lá de fora.
Tenho duas naturezas, por isso sou perigoso.
Um de cabra doce, outro de cabra amargoso.
Onze anos eu andei no meio dos sertanejos.
No sertão de Abaieté, aprendi todo os manejos.
Depois de muito aprendido, fiquei bem preparado.
O uziro de São Jorge no meu corpo foi fechado .
Explicação: (uziro, palavra não encontrada no dicionário. Mas na linguagem do  sertanejo, quer dizer: patuá com reza.

Aprendi a lidar com gado,  sempre foi  minha inclinação.
Hoje transporto boiada por toda a nossa nação.
Juntei um bom dinheiro e tomei uma decisão.
De comprar umas indumentárias, para ficar mais bonitão.
330 reais custou só o meu chapéu.
Quem não goza nessa vida, quando morrer não vai para o céu.
550 reais, minha chilena custou. Um quilo e duzentos gramas, só a roseta pesou.

Fui contratado para, uma boiada levar.
Do Rio Grande do sul, até a cidade de Arujá.
Foram meses viajando, sem ter pressa pra chegar.
No meio do caminho, parava pra descansar.
Foram mil e duzentos bois, eu tive transportar.
Depois da missão cumprida, fui a um hotel repousar.

Encontrei uma pousada, a dona se chamava Tereza.
Encantei-me com a filha dela, linda igual uma princesa.
Assim que ela me viu, sentou-se à minha mesa.
Começamos a conversar, e mostrei logo minha destreza.
Dei-lhe um beijo ardente, provei  o suco da beleza.
Ela disse –me sussurrando: Você é doce como mel.
Boiadeiro quero que leve na sombra do seu chapéu.

Mas havia muitos por ali, ouviram o que a Teteia falou.
Logo correu o boato, o bando se ajuntou.
Eram uns bandos de invejosos, e um deles me falou:
Comprei uma faca grande, na loja do João Mineiro.
Pra cortar crista de galo e cabeça de boiadeiro.
Eram dez  mais ou menos, confesso meu desespero.
Mas lembrei-me  do São Jorge que foi um santo guerreiro.
Na hora perdi o medo, e respondi com artimanha.
Disso não medo, de morrer aqui na lama.
Toda morte é a mesma, tanto aqui como na cama.

O pessoal avançou, dei cinco pirueta.
Mostrei para aqueles caras, quem era o pintaeta
O primeiro que veio foi o cara do facão.
Dei-lhe um ponta pé, o valente caiu no chão.
Se contorceu de dor e não levantou mais, não.

Os caras forma chegando, eu disse: abra negada.
Só com o bico da bota, derrubei uma eitada.
Vi que muitos dos covardes, saíram em disparada.
Vendo minha proeza, a moça dava risada.
Resolveram fazer um baje, tratei logo de sair. (Baje: dar uma trégua, na língua do sertanejo.
Eu senti cheiro  de bode, no cabo do piraí.
 Assim que terminou a briga, a  moça sua traia ajuntou.
Eu encilhei o cavalo, ela na garupa montou.
E jurou amor eterno, dizendo: “ onde for irei contigo.
Adeus Arujá, cidade que passei perigo.
Pra não levar desaforo, levo Teteia comigo.

Essa poesia era cantada em ritmo de calango,  acompanhada com uma sanfoninha de oito baixo, por um Sr. cujo nome Benjamim. Eu, para não perder o costume de trovador, mudei e aumentei um pouco a história . Na concepção da palavra, Enfeitei mais o pavão.











pintaeta e Benjamim
Enviado por pintaeta em 27/03/2015
Código do texto: T5185538
Classificação de conteúdo: moderado

2 comentários:

  1. Como era a poesia original, sem o seu enfeite? Gostaria muito de saber

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  2. Como era a poesia original, sem o seu enfeite? Gostaria muito de saber

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